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Paulo Henrique: da promessa ao radar da Seleção — uma história de superação e legado familiar

Paulo Henrique Vasco

Aos 29 anos, Paulo Henrique vive o momento mais marcante de sua carreira como lateral-direito do Vasco da Gama. Titular em quase todos os jogos da temporada, ele não apenas se consolidou como peça fundamental no esquema de Fernando Diniz, mas também entrou na pré-lista de convocados da Seleção Brasileira comandada por Carlo Ancelotti. Por trás do desempenho técnico e físico impressionante, há uma história de superação que começa com um pedido feito por seu pai pouco antes de falecer.

Natural de Sete Barras, no interior do Paraná, Paulo é o filho mais novo de Seu Waldemar, um operador de máquinas que sonhava em ver o filho brilhar no futebol. Em 2012, após sofrer um AVC, Waldemar fez um último apelo às filhas: que ajudassem Paulo a seguir sua vocação esportiva.

Seu Waldemar Alves, pai de Paulo Henrique, lateral-direito do Vasco — Foto: Arquivo Pessoal

Esse desejo se tornou um compromisso familiar. As irmãs se mobilizaram, levaram Paulo para Curitiba e o acompanharam em testes e peneiras.

 Na época, Paulo Henrique vivia com a mãe, Dona Eunice, em Sete Barras. As irmãs, filhas do primeiro casamento de Seu Waldemar, foram até a cidade que fica a cerca de 230 quilômetros de distância de Curitiba pedir a permissão para que o menino se mudasse com elas para a capital. Dessa forma, poderiam correr atrás de peneiras e testes. A mãe autorizou.

Edina, Eliane, Jaqueline e Mari foram as responsáveis por ligar, buscar informações, acompanhar o irmão nas avaliações, levá-lo e trazê-lo ao mesmo tempo em que ficavam no pé dele para que concluísse o Ensino Médio. Até que um dia descobriram que haveria uma peneira credenciada pelo Santos em Curitiba. Era a chance perfeita.

Mesmo não sendo aprovado no Santos, ele chamou atenção e acabou sendo integrado à base do Londrina.

Paulo Henrique, o caçula, ao lado das irmãs Edina, Eliane, Clevesmari e Jaqueline — Foto: Arquivo Pessoal

Desde então, sua trajetória foi marcada por esforço, humildade e escolhas conscientes. Em 2014, após conquistar o título paranaense sub-20, Paulo recusou um iPhone como prêmio e pediu um micro-ondas para a mãe — gesto que emocionou seus empresários. Com o primeiro grande salário, comprou uma casa para Dona Eunice, tirando-a do aluguel.

Durante os anos difíceis, contou com o apoio da esposa, Patrícia Casani, que o ajudou a montar um lar simples, inclusive comprando um colchão parcelado no cartão.

Paulo Henrique e Patrícia Casani agora são pais do Mateus, de cinco meses — Foto: Arquivo Pessoal

Mesmo diante de propostas financeiramente vantajosas, Paulo sempre priorizou o crescimento profissional, recusando ofertas que não o levassem adiante na carreira. Em 2023, após uma breve passagem pelo Atlético-MG, voltou ao Vasco, onde deslanchou. Foi decisivo na reta final do Brasileirão, com gols e assistências que ajudaram o clube a permanecer na Série A.

Nesta temporada, participou de 38 dos 46 jogos, marcou três gols e deu três assistências — números que superam qualquer outro ano de sua carreira. Mas sua importância vai além das estatísticas. Em um sistema defensivo fragilizado, Paulo é referência de segurança no lado direito. O Vasco é o time da Série A com mais gols sofridos, mas a vulnerabilidade é menor onde ele atua.

Seu desempenho físico também impressiona. Segundo dados do Departamento de Saúde e Performance do clube, ele percorre quase 10 km por jogo, com mais de 1 km em alta intensidade e velocidade máxima registrada de 36,5 km/h — superior à média dos laterais na última Copa do Mundo, segundo estudo da FIFA.

Paulo Henrique se tornou símbolo de dedicação e humildade. A cada jogo, honra o desejo do pai e inspira torcedores com sua entrega. E agora, com a possibilidade de vestir a camisa da Seleção, ele está mais perto do que nunca de transformar o sonho familiar em realidade.

Fonte: GE

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