Centroavante argentino atravessa fase complicada e números evidenciam dificuldades de adaptação ao estilo de Fernando Diniz
A chegada de Fernando Diniz ao comando técnico do Vasco trouxe uma interrogação natural: como o artilheiro Vegetti se encaixaria no novo modelo de jogo? O sistema tático do treinador privilegia maior movimentação entre os atacantes e dinâmica constante de passes, características que contrastam com o perfil mais estático do centroavante argentino.
Atualmente, o camisa 99 experimenta sua pior fase desde que vestiu a camisa cruz-maltina. Pela primeira vez em quase dois anos, sua posição como titular indiscutível está sendo questionada pelos torcedores e pela imprensa especializada. A situação se intensificou após a goleada histórica por 6 a 0 sobre o Santos, quando o Vasco apresentou seu melhor futebol da temporada justamente sem contar com o atacante, que cumpria suspensão.
Uma análise estatística detalhada das performances individuais sob a gestão de Diniz revela dados preocupantes sobre o rendimento de Vegetti. Entre todos os jogadores que disputaram mais de cinco partidas com o atual técnico, o argentino ocupa a penúltima colocação em média de notas, superando apenas Loide Augusto.
O levantamento mostra Rayan liderando com média 5,89, seguido por Léo Jardim (5,82) e Tchê Tchê (5,75). Vegetti aparece com apenas 4,53 de média em 17 jogos disputados, um número que contrasta drasticamente com sua importância histórica no elenco.

Os momentos mais críticos do atacante coincidiram com jogos decisivos. Suas piores avaliações ocorreram contra Internacional (1,5), nas partidas contra Juventude, Del Valle, Bragantino e Fluminense, todas com notas entre 3,0 e 3,5. Nestas ocasiões, Vegetti foi especificamente criticado por não conseguir oferecer alternativas de passe aos companheiros nem dar continuidade às jogadas ofensivas.
O contraste ficou evidente na vitória espetacular sobre o Santos. Com um ataque mais dinâmico formado por David e Rayan nas laterais, além de Coutinho e Nuno Moreira flutuando pelo meio, o time alcançou seu pico de performance individual e coletiva. Cada jogador deste quarteto registrou sua melhor nota no período – exceção feita a Rayan, que havia se destacado ainda mais contra o São Paulo.
Confiança técnica versus realidade estatística
Apesar dos números desfavoráveis, Fernando Diniz mantém confiança no centroavante argentino. As justificativas do treinador transcendem aspectos puramente técnicos, valorizando características comportamentais como liderança, comprometimento e postura exemplar nos treinamentos. Soma-se a isso o fato de Vegetti figurar entre os artilheiros do futebol brasileiro na temporada.
Contudo, a manutenção de Vegetti como titular tem alterado significativamente o DNA ofensivo da equipe. O retorno do atacante ao time principal coincidiu com mudanças táticas notáveis, especialmente no aumento excessivo de tentativas de cruzamento – recurso que busca explorar a reconhecida habilidade aérea do argentino.
A diferença tática se tornou gritante na comparação entre as partidas contra Santos e Juventude. No jogo em Caxias do Sul, o Vasco executou 24 cruzamentos para a área adversária (desconsiderando cobranças de escanteio), quase triplicando o número registrado no Morumbis, evidenciando uma dependência preocupante desta estratégia.
Mesmo atravessando momento delicado, Vegetti mantém prestígio junto à comissão técnica. O atacante foi titular em 17 das 18 partidas disputadas sob o comando de Diniz, sendo o segundo jogador de linha com maior minutagem desde a estreia do técnico contra o Lanús, em 13 de maio, perdendo apenas para Tchê Tchê.
Os sete gols marcados no período também sustentam sua posição como artilheiro do time na era Diniz. A questão central não reside em sua capacidade de finalização, mas sim na adaptação ao sistema coletivo proposto pelo treinador, gerando um dilema tático que pode definir os rumos da temporada vascaína.